sexta-feira, dezembro 29, 2006

Falta de iniciativa ou asfixia de toda a iniciativa?

Um dia em conversa com uma pessoa, falámos sobre a falta de iniciativa. Particularmente sobre a falta de iniciativa dos jovens.

É bem verdade que existe uma certa inércia nos jovens que, não só não têm iniciativa, como nem sequer se dão ao trabalho de ler as folhas afixadas e depois queixam-se que não sabem das coisas...

Mas também é verdade que os jovens que têm capacidade de iniciativa e de fazer alguma coisa, muitas vezes esbarram em pessoas que não os deixam fazer. E de parede em parede, vai-se perdendo a força...

No meu curso, o estágio é obrigatório. Sem ele o curso não está acabado e não há licenciatura para ninguém... Por isso é nomeado um coordenador da variante (que assina as cartas de pedido de estágio e mais nada), quem procura é a comissão de estágios constituida por alunos.
Por causa de Bolonha, as mesmas áreas irão ter coordenadores distintos conforme os anos... o que já de si dificulta mas vamos tentar trabalhar em conjunto...
Disse ao coordenador da minha variante que queria fazer uma conferência com ele e com mais três professores da casa (que dão aulas nessas variantes) para nos falarem do panorama do sector e das nossas possibilidades bem como eventuais locais de estágio que quem não está no meio nem sempre se lembra. Todos os alunos com que falei se mostraram entusiasmados com a ideia e acham que isso já deveria ser feito há muito tempo...

Eu também não percebia porque não se fazia uma coisa tão simples com uma conferência cujos oradores até são da casa e que, alguns deles, estiveram todo o dia no encontro sobre televisão mas não conseguem dispensar duas horas para tirar dúvidas aos alunos.
O coordenador disse-me que podia ser às 10h00 (!!!! lembrei-lhe que a essa hora tínhamos aulas!!!!), ou então entre as 17h30 e as 18h00...ou seja, dava-nos meia hora (que, obviamente não chega) e ainda parecia que nos estava a fazer um grande favor...

Agora eu pergunto-me: mas não é também dever da universidade orientar os seus alunos e ajudá-los na fase de entrada do mercado de trabalho????
Acho que devia ser. Eu só queria 2 horas do tempo dos senhores... e foi logo o coordenador (quem, supostamente, deveria estar mais preocupado em nos esclarecer...) que nos deu estas respostas...

No mesmo curso, na Covilhã, o estágio não é obrigatório para a conclusão da licenciatura. No entanto, o coordenador do curso esforça-se para arranjar um estágio profissional para os seus alunos (em lugares onde possam vir a ficar). Não precisava pois o estágio não está incluido no curso. Mas fá-lo porque se preocupa com os seus alunos e quer ajudá-los a trilhar um caminho que começaram na universidade... No meu curso é obrigatório e nem para uma conferência o coordenador arranja tempo...

De parede em parede, vamos perdendo a força...

Se calhar até há muitos jovens com espirito de iniciativa mas que já perderam a vontade de lutar... ou estão a recuperar forças depois dos golpes que levaram de onde nunca julgaram possível...

2 comentários:

SinemaS disse...

Passei exactamente por isso... Sabes o que é que acabei por fazer? Eu mesmo fui à procura do meu estágio em vez de esperar que a Universidade o arranjasse. Sabia também que até então, que os estágios fornecidos pela faculdade eram todos muito maus. Arranjei estágio e não cheguei a ter qualquer tipo de acompanhamento, isto é, orientador de estágio nicles. No final do estágio apresentei o meu relatório e voilá.
Ninguém se preocupa com os jovens na altura de entrar para o mercado de trabalho...

Ana Luísa Henriques disse...

Pois...é uma área em que as universidades ainda não estão a apostar...na minha opinião, erradamente!
Espero que nos próximos anos o caso mude de figura ;)