segunda-feira, fevereiro 05, 2007

"Figuras femininas da ficção nacional não reflectem lado profissional"

O papel das mulheres na ficção portuguesa continua a estar dominado por ideias feitas. Mesmo quando as figuras femininas surgem em funções de chefia, o aspecto profissional da sua vida é abafado pelo enredo amoroso. Quem o defende é Felisbela Lopes, professora universitária e investigadora na área dos média. "Não vejo em Portugal a profissão a reflectir-se na vida da personagem feminina. Os papéis são estereotipados e quando tentam fugir ao lugar comum parece que não o conseguem fazer".

Na novela "Tempo de viver" (em exibição na TVI), por exemplo, assim que uma mulher tomou o comando dos negócios, antes geridos pelo marido, fez-se logo notar a diferença. "Ela não parece tão activa, fica aquém da capacidade interventiva que tinha a figura masculina". O que quer dizer, no ponto de vista da professora universitária, que o seu papel vai servir o estereótipo da condição feminina.

Felisbela Lopes encontra o contrário na novela brasileira "Páginas da vida" (em exibição na SIC), da TV Globo. "A mãe adoptiva é médica obstetra e esse facto justifica todas as suas opções". A personagem da fotógrafa é outro "bom exemplo" da relação profissão e vida quotidiana. O que faz para "ganhar a vida altera o seu dia-a-dia".

"Em Portugal, a história parece sempre pensada em função do enredo amoroso, como se as mulheres só corressem à procura do amor, parece que vivem só em função das questões sentimentais".

Texto do Jornal de Notícias, pode ser visto no seu todo, aqui.

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