terça-feira, junho 12, 2012

Os primeiros dias no HRED

No dia 16 de Março de 2011 dirigi-me ao Hospital onde me disseram que ainda durante a noite a minha mãe tinha passado dos Cuidados Intensivos para o HRED, uma área que misturava pacientes de hematologia com outros de reumatologia, endocrinologia e diabetes (uma mistura que viria a acabar, passando a existir nesta unidade apenas doentes de hematologia e de oncologia).

A primeira coisa que fiz foi pedir para falar com a médica responsável pelo caso dela. A médica explicou-me tudo em linguagem de Medicina e depois em linguagem o mais simples possível para que eu conseguisse compreender o que estava a acontecer e o que nos esperava. Indicou-me que a Leucemia era uma espécie de cancro mas no sangue e que o tratamento seria a quimioterapia e, numa fase seguinte, o transplante de medula, sempre necessário neste tipo de Leucemia. Explicou-me que este era dos tipos mais complicados mas que não podia dizer-me se a minha mãe iria ou não sobreviver. Como em qualquer outro tipo de cancro, não há certezas até porque cada caso é um caso e cada pessoa reage à sua maneira. A única certeza era que seria algo que iria levar muito tempo, "não pensem em dias nem sequer em semanas", seriam vários meses... e vários meses sem saber o que traria o dia seguinte. Depois de falar com ela, limpei as lágrimas, encontrei forças e desci o corredor para ir animar a minha mãe.

A médica explicou ainda que a quimioterapia que ela tinha feito na noite anterior era para estabilizar minimamente e ver se o organismo aguentava para depois então passar ao primeiro ciclo de quimioterapia. A minha mãe aguentou e começou logo o primeiro ciclo. A primeira semana foi muito difícil mas foi talvez aquela da qual a minha mãe menos se apercebeu pois esteve permanentemente em estado febril (embora sempre tenha estado lúcida) devido à gripe que não a queria largar. Por um lado até foi melhor assim pois a primeira semana que lá passou não teve lugar num quarto por isso esteve sempre numa maca no corredor... enfim. Foi também nessa semana que conheceu a D. Maria dos Anjos, uma senhora que também estava no corredor, que tinha entrado mais ou menos quando ela entrou e que quase sempre a acompanhou (e a minha mãe a ela) durante o tempo em que estiveram internadas.

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