quarta-feira, outubro 18, 2006

"Fabricar imagens com as palavras", "Fabricar Olhares"

Seguiu-se o painel sobre "Fabricar imagens com as palavras" que contou com a escritora Lídia Jorge que tem o seu livro "A Costa dos Múrmurios" adaptado ao cinema pela realizadora Margarida Cardoso. Lídia Jorge (ladeada por Paulo Filipe Monteiro - Presidente do DCC e por José Carlos Abrantes) veio falar-nos da sua experiência enquanto escritora e da necessidade de se ter uma base literária para uma melhor compreensão das imagens e para escapar à alucinação do terramoto de imagens que invadem, actualmente, as nossas vidas.

Lídia começou por dizer que, "no mundo da literatura, pode dizer-se que, no principio, era a imagem".
Porque antes de cada livro, há uma imagem, fisica ou mental, que impulsiona a escrita. A imagem que, durante 10 anos, não saiu da cabeça de Lidia Jorge e, a partir da qual, se formou o seu livro "A Costa dos Múrmurios", foi uma imagem de uma chuva de Gafanhotos que presenciou em Moçambique, onde esteve durante a guerra colonial.

Lídia Jorge falou também do assombro que a assistiu quando viu pela primeira vez o filme a partir do seu livro. Não era nada como tinha imaginado e a sua primeira reacção foi não compreender. Mas depois percebeu. A literatura e o cinema têm diferentes caminhos e diferentes modos de contar uma história para chegarem aos mesmos sitios e aos mesmos sentimentos. Lidia percebu isso, notou uma grande obra no filme e sente-se agradecida por não ter participado no processo de produção do filme "pois teria sido um erro". Uma aprendizagem que não esquece.

De seguida, teve lugar o painel "Fabricar Olhares" com moderação de Jacinto Godinho, jornalista da RTP e professor da FCSH.

Os intervenientes neste painel foram o professor universitário e critico de cinema, Eduardo Cintra Torres, que veio falar de um cd didáctico encomendado pelo Ministério da Educação, subordinado à compreensão das imagens, cujo titulo é" Ler Imagens".

Beatriz Batarda, actriz, esteve também presente e falou da imagem do actor (onde preza muito a voz como inicio de construção de uma imagem) e ainda, do actor na imagem (da sua experiência e da necessidade de se compreender toda a téncica para melhor construir o personagem).

Ficou no ar a questão "porque não fazer um cd do mesmo género adaptado ao nível universitário e também fazer venda ao público?

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