sábado, março 02, 2013

O segundo ciclo de quimioterapia, a China e o dia da Mãe

Imagem de Terra de Gigantes
Depois de alguns dias na ala só de hematologia, a minha mãe mostrava sinais de estar novamente a ganhar forças. A D. Maria dos Anjos, depois de urinar sangue durante algum tempo e de passar por uma infecção, também estava a melhorar e o ar naquela sala voltou a ser mais respirável, já havia uma réstia de esperança no ar.

A minha mãe tinha muito medo do segundo ciclo de quimioterapia pois sabia que o primeiro já tinha sido difícil e que agora o corpo estava ainda mais debilitado. Volto a salientar que a quimioterapia é necessária para se ultrapassar a doença mas, ao mesmo tempo, é algo tão forte que destrói o corpo. Tudo o que podemos fazer é estar lá para apoiar, não deixar a pessoa sozinha.

Por estes dias apercebi-me que a viagem que tinha marcada (e já quase toda paga) à China em conjunto com um grupo da Universidade para visitar universidades e empresas do gigante asiático seria dali a pouco tempo. A viagem ia apanhar não só o segundo ciclo de quimioterapia como, pior ainda, ia apanhar o dia da Mãe.

Numa qualquer altura, a minha mãe apreciaria um pequeno gesto que fosse neste dia. No ano em que ela está internada, com um cancro e a passar por uma situação tão difícil, uma das filhas não ia estar com ela... como fazer isso? Fiquei aterrada quando percebi que não ia estar com ela no dia da Mãe. Pensei em desistir da viagem mas custava-me já a ter quase toda paga e também porque conhecer universidades e empresas não é uma oportunidade que temos numa qualquer viagem feita a título privado. Ela, claro, incentivou-me a ir, disse-me que não fazia sentido nenhum ficar cá e que tinha de aproveitar a oportunidade. Disse-me isso com toda a sua sinceridade embora eu soubesse que, lá no fundo, tinha o coração apertado. Tal como o meu.